Polícia

Travesti é autuada após suposta agressão a policial penal em rodoviária de Gurupi

Terminal rodoviário de Gurupi — Foto: AMTT/Prefeitura de Gurupi/Divulgação
Terminal rodoviário de Gurupi — Foto: AMTT/Prefeitura de Gurupi/Divulgação

Uma polêmica ocorrência movimentou a sexta-feira, 21, na rodoviária de Gurupi, no sul do estado, quando uma travesti foi autuada pela Polícia Civil sob suspeita de agredir uma policial penal. O incidente teria começado após a policial sugerir que a travesti usasse o banheiro masculino. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso está sendo investigado pela Polícia Civil, mas a travesti não quis registrar boletim de ocorrência por homofobia.

A confusão entre as duas pessoas chegou à delegacia depois que a Polícia Militar as levou para prestar esclarecimentos. Na ocasião, a policial penal relatou que notou a presença de uma pessoa com identidade de gênero diferente no banheiro feminino e sugeriu que ela utilizasse o banheiro masculino. Essa abordagem teria desencadeado as agressões físicas por parte da travesti.

Na delegacia de plantão, foi registrado um termo circunstanciado de ocorrência por ameaça, lesão corporal dolosa e por porte de arma branca. Após o procedimento, as duas envolvidas foram liberadas. O caso será investigado pela 4ª Delegacia de Menor Potencial Ofensivo de Gurupi.

É importante ressaltar que atualmente não existe legislação federal que garanta o acesso de mulheres ou homens trans a banheiros públicos de acordo com o gênero com o qual se identificam. O Supremo Tribunal Federal (STF) discute o tema desde 2015, mas o julgamento ainda não foi concluído. Nesse sentido, o presidente da comissão de diversidade da Ordem dos Advogados, Landri Neto, comentou que a instalação de banheiros de gênero neutro em locais públicos poderia evitar esse tipo de polêmica e conflito.

“A gente consegue constatar que [os banheiros de gênero neutro] são essenciais para evitar essas situações. Não é para abolir o banheiro feminino ou o masculino, mas para colocar um terceiro. É um direito fundamental [usar o banheiro] e não tem como usar o banheiro masculino se ela se identifica e se coloca como mulher diante da sociedade”, explicou o especialista.

Para ele, o caso pode se enquadrar como transfobia, mas isso não justifica o ato de violência cometido contra a policial. Ele destaca que a sociedade precisa compreender e respeitar a dignidade e identidade de cada indivíduo, além de buscar mais informação e educação para combater esse tipo de conflito.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins