Cidadania

Quilombo quase centenário lida com falta de serviços públicos básicos e constante ameaça violenta nas terras

Defensor público Fabrício Brito conversou com as famílias que residem na comunidade - Foto: Marcus Mesquita / Comunicação DPE-TO
Defensor público Fabrício Brito conversou com as famílias que residem na comunidade - Foto: Marcus Mesquita / Comunicação DPE-TO

Uma comunidade quase centenária e que lida com a falta de serviços públicos básicos e, também, com a constante ameaça violenta de terceiros interessados nas terras. Esta é a realidade com o qual convive cerca de 150 quilombolas que integram a Comunidade Rio Preto, que recebeu, nesta segunda-feira, 4, uma equipe da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) e de outras entidades públicas em favor da busca pelas proteção e garantia de direitos dos povos tradicionais.

Estiveram no local o coordenador do Núcleo da Defensoria Pública Agrária (DPagra), defensor público Fabrício Silva Brito, e o assessor jurídico do DPagra, Diego Panhussatti. Conforme explicou Fabrício Brito, depois de informada sobre esta demanda pela Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), a Defensoria foi até a Comunidade para, inicialmente, conhecer de perto a realidade local.

“Esta reunião foi muito produtiva. Contamos com a participação de 70 pessoas, dentre quilombolas afetados por diversos problemas e autoridades que atuam nos âmbitos Federal, Estadual, Municipal local e de representação quilombola. Os diálogos foram francos, abrangentes e nos municiaram de informações que nos servirão de base para os encaminhamentos que faremos de agora por diante”, contextualizou o Coordenador do DPagra.

Problemas expostos

Localizada em Lagoa do Tocantins, município distante 111 km de Palmas, a Comunidade Quilombola Rio Preto tem como queixa mais urgente as constantes ameaças, para que se retirem no território, o que já envolveu agressões psicológicas e verbais, com ameaça de morte por pessoas armadas, destruição de plantações, instalação de cercas, dificultando o deslocamento dos moradores na região, e até derrubadas e incineração de casas, dentre outros problemas.

Além disto, segundo relataram as moradoras e os moradores mais antigos da Rio Preto, a Comunidade também convive com a dificuldade de locomoção até a cidade, visto que as rotas de acesso não são pavimentadas, muitas delas são arenosas e uma ponte que servia de atalho foi destruída pela antiga gestão municipal e nunca mais foi reerguida. Outra questão também é apontada, a falta de oferta da educação básica na localidade, visto que a escola municipal que funcionava na Comunidade, desde os anos 90, foi desativada em 2019 e, desde então, as(os) estudantes têm de se deslocar 80 km, diariamente, entre ida e volta, para uma unidade localizada em Lagoa do Tocantins.

Fim da invisibilidade

Conforme explicou a presidente da Associação da Comunidade Quilombola Rio Preto, Rita Lopes dos Santos, diante de tantos relatos de violência e privações de direitos sofridas pelo povo que ela integra, ter a Defensoria Pública presente ao lado deles traz esperança de que a invisibilidade social ali imposta logo terá um fim.

“É muito importante ter aqui, na nossa Comunidade, tantos representantes do Poder Público e da Defensoria Pública, e esta como a nossa defensora de fato, fazendo valer o nome que tem. Isto nos dá a sensação de que agora estamos sendo enxergados e que finalmente nos serão garantidos os direitos que temos”, vislumbrou a Liderança, nascida na Comunidade.

Entidades participantes

Também participaram da reunião a secretária da Sepot, Narubia Werreria, o procurador da República, Álvaro Manzano, além de representantes da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (Coeqto); da Associação da Comunidade Quilombola Rio Preto; da Universidade Federal do Tocantins (UFT); da Prefeitura e da Câmara de Vereadores da Lagoa do Tocantins.

Brener Nunes

Subeditor

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Subeditor da Gazeta do Cerrado Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Subeditor da Gazeta do Cerrado Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins