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Vereadores do mesmo partido podem ser cassados em cidade do TO por suposta fraude à cota de gênero

O MPE manifestou-se favoravelmente à cassação dos diplomas de quatro vereadores eleitos pelo PSDB

Caso aconteceu em Santa Maria do Tocantins - Foto - Divulgação
Santa Maria do Tocantins - Foto - Divulgação

O Ministério Público Eleitoral do Tocantins (MPE) manifestou-se favoravelmente à cassação dos diplomas de quatro vereadores eleitos pelo PSDB em Santa Maria do Tocantins, sob a acusação de fraude à cota de gênero nas eleições municipais de 2024. O parecer foi encaminhado à Justiça Eleitoral na última sexta-feira, 28.

A denúncia, formalizada por meio de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) elaborada pelo escritório do ex-juiz Márlon Reis, alega que o PSDB teria incluído uma candidatura feminina fictícia na chapa apenas para atender à exigência legal de 30% de mulheres entre os candidatos. De acordo com o MPE, a candidata Alana Maria Campos Ferreira, apresentada pelo partido, não realizou uma campanha real e efetiva, sendo caracterizada como uma “candidata laranja”.

Segundo o parecer, Alana Maria Campos Ferreira registrou movimentação financeira insignificante e obteve apenas três votos. A investigação apontou que a candidata não realizou atos públicos de campanha, não fez postagens em redes sociais solicitando votos e só declarou ter gasto R$ 250, supostamente com militância, que testemunhas afirmaram não ter sido utilizada.

A prestação de contas de Alana Maria, analisada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revela que os recursos foram destinados quase que exclusivamente para despesas burocráticas, como honorários advocatícios e serviços contábeis, sem aplicação significativa em atividades eleitorais.

Caso a ação seja julgada procedente, os vereadores do PSDB que poderão perder seus mandatos são:

Marcos Antônio Moura Soares (Marcos Gomes) – O mais votado da cidade, com 217 votos;

Pedro Bequimam França (Pedro Bila) – Eleito com 155 votos;

Maria Aparecida da Silva Santos (Pequena Sussuarana) – Eleita com 143 votos;

Marcelo Rodrigues dos Santos – Que recebeu 135 votos.

Além deles, Marcelo Rodrigues dos Santos Filho, que atuava como presidente da federação PSDB/Cidadania no município, também é acusado de participar da suposta fraude.

Defesa dos envolvidos

Os investigados alegam que Alana Maria enfrentou dificuldades financeiras e falta de apoio partidário, o que teria limitado sua campanha. Eles apresentaram fotografias da candidata ao lado de apoiadores como prova de alguma atividade eleitoral. Contudo, o MPE considerou o material insuficiente para demonstrar que ela participou efetivamente da disputa.

A legislação eleitoral exige que partidos políticos preencham pelo menos 30% das candidaturas com mulheres. A Súmula 73 do TSE considera fraude quando uma candidata não realiza campanha efetiva, tem votação ínfima ou movimentação financeira irrelevante. O MPE argumenta que todos esses critérios foram atendidos neste caso.

Além da cassação dos mandatos, o Ministério Público pede a inelegibilidade dos envolvidos por oito anos e a recontagem dos votos para redistribuição das vagas na Câmara Municipal. Atualmente, o Legislativo é composto por representantes do PSDB e do Republicanos, sendo que este último partido não foi alvo da ação.

A decisão agora está nas mãos da juíza eleitoral da Comarca de Itacajá, que analisará os argumentos e provas apresentadas para definir se os mandatos dos vereadores do PSDB serão ou não cassados.

Brener Nunes

Subeditor

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Subeditor da Gazeta do Cerrado Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Subeditor da Gazeta do Cerrado Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins