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Dados expostos em vazamento revelam como o Google funciona; entenda

Imagem: Scott Barbour/Getty Images
Imagem: Scott Barbour/Getty Images


Imagem: Scott Barbour/Getty Images

Um grande vazamento no início desta semana abriu uma das principais caixas-pretas da internet: o Search Engine Optimization (SEO), ou Otimização para motores de busca, em tradução livre. O sistema do Google define quais páginas estarão no topo do buscador mais popular do mundo.

O funcionamento do SEO da gigante de Mountain View veio à tona em um documento de quase 2,6 mil páginas publicado por Rand Fishkin e Mike King, especialistas em SEO. Eles revelaram que as informações estavam no GitHub e foram repassadas pelo leaker Erfan Azimi, que queria explanar as “mentiras” sobre o algoritmo de buscas.

O assunto sempre foi um segredo guardado a sete chaves, já que o Google defendia que atores maliciosos poderiam se valer das informações para ranquear bem nas buscas.

De fato, a justificativa até faz certo sentido. Contudo, o que mostram os documentos é que o Google se contradisse ou no mínimo deu informações imprecisas sobre como o site de pesquisas funciona.

Por que o assunto SEO é importante?

Muitos dados contidos no arquivo de quase 2,6 mil páginas sobre o SEO do Google são bastante técnicos. Por causa disso, a leitura e interpretação têm sido feita por especialistas da área.

O fato, porém, é que o vazamento mudará o entendimento sobre as engrenagens do principal buscador da internet. A questão é importante porque milhões de páginas mundo afora dependem de uma boa classificação para se manter relevante, gerar tráfego e consequentemente se monetizarem.

Muitos especialistas argumentam que o poder do Google é tão grande – já que teoricamente ele é a portaria da internet –, que o sistema poderia até ser entendido como um serviço público. De maneira prática, o buscador pode sumir com páginas importantes de interesse público, enquanto dá evidência a conteúdos menos relevantes.


E apesar de não ser possível saber o quão atual é a classificação de SEO mostrada pelos dados, o fato é que em algum momento o Google Search tem ou teve pelo menos 14 mil indicadores para ranquear os sites na internet.

Dentro deste número gigantesco de parâmetros analisados estão a autoridade da página em determinado assunto, tamanho, número de cliques, palavras-chaves e muito mais. A granularidade é tão grande que torna bastante complexo o objetivo de entender as regras do jogo do SEO.

E para embaralhar ainda mais a mente dos especialistas em SEO, o vazamento sugere que o buscador estava sim fazendo algumas coisas que o Google havia dito que não.

Um dos principais exemplos é que o buscador aparentemente ranqueia páginas utilizando dados dos sites como número de cliques e dados dos usuários do Chrome. Anteriormente, representantes do Google afirmaram que estas informações não eram levadas em consideração.

Além disso, outro ponto importante é que o leak mostra que, contrariando o que o Google havia dito, um site popular com bastante acessos pode “furar fila” e ser mostrado primeiro no ranking de buscas em detrimento a sites desconhecidos, mesmo que eles tenham informações de pior qualidade.

Quais as revelações sobre o vazamento do SEO do Google?

O vazamento do SEO do Google pode ser apenas a ponta do iceberg, já que certamente o sistema ainda possui muitos segredos.

Apesar disso, as revelações municiam de argumentos aqueles que defendem vias mais democráticas e acessíveis de acesso às regras da “portaria da internet”.

Confira, a seguir, algumas das principais revelações sobre o vazamento do SEO do Google:

  • O Google Search pode definir um número máximo de páginas ou postagens de um site que aparecerão no buscador;
  • Diferente do que havia dito anteriormente, as Taxas de cliques (CTR) e tempo de permanência dos usuários em uma página são sim métricas para definir o ranqueamento dos sites no Google;
  • O buscador do Google possui classificadores específicos sobre temas sensíveis como eleições, indicando que a classificação pode também levar em consideração o teor político dos sites;
  • O buscador do Google tem uma pontuação de autoridade geral para os sites, identificada como “siteAuthority”. Anteriormente, a big tech havia negado a existência de uma “autoridade de domínio geral”;
  • O buscador do Google utiliza dados coletados pelo Google Chrome – como visualizações de páginas através do navegador – para ranquear os sites. O Google já havia dito que não utilizava dados do software para isso;
  • Conteúdos podem ser despriorizados no topo da busca por conterem informações como links que não correspondem ao site alvo, links de pornografia, insatisfação do usuário e mais;
  • O Google possui um histórico com a cópia de cada versão de cada página que já foi indexada pelo buscador e, com isso, o Search pode se lembrar de cada alteração já realizada. Apesar disso, ele analisa somente 20 alterações em uma URL quando está analisando os links;
  • Os sites indexados pelo Google são avaliados em relação ao tempo em que eles estão no ar, ou seja, de acordo com a longevidade na internet. O comando “hostAge” é o responsável por isso;
  • O Google foi, no mínimo, impreciso em relação à diretriz EEAT (Experiência, Especialização, Autoridade e Confiabilidade, em português) para os sites. A empresa disse que a diretriz serviria somente para melhorar a experiência do usuário, mas aparentemente utiliza esses dados também para ranquear as páginas.

O que diz o Google?

O Google confirmou a veículos como o The Verge que o vazamento é real. Contudo, um porta-voz da big tech defendeu que não é possível tirar conclusões precisas acerca dos dados expostos publicamente.

“Nós deixamos um alerta sobre fazer suposições imprecisas sobre a Pesquisa [do Google] com base em informações fora de contexto, desatualizadas ou incompletas”, afirmou o porta-voz Davis Thompson.

“Nós compartilhamos informações extensas sobre como a Pesquisa funciona e os tipos de fatores que nossos sistemas pesam, ao mesmo tempo em que trabalhamos para proteger a integridade de nossos resultados da manipulação”, concluiu.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins