Ministério Público Federal no Tocantins - Divulgação
Ministério Público Federal no Tocantins - Divulgação

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil para investigar denúncias de venda irregular de lotes e conflitos no Projeto de Assentamento Antônio Alves Moreira, localizado em Ananás, norte do Tocantins. O procedimento surgiu a partir de uma denúncia inicialmente apurada pelo Ministério Público Estadual (MPE-TO), que declinou a atribuição por envolver área de competência federal.

De acordo com despacho do procurador da República Rodrigo Mark Freitas, o município de Ananás informou que a responsabilidade sobre regularização, fiscalização e apuração de possíveis invasões ou comercialização de terras é do Incra-TO. Já o Cartório de Registro de Imóveis da cidade afirmou não ter registros de compra e venda em nome do investigado. A Polícia Civil também instaurou o Inquérito nº 356/2023, ainda em tramitação.

O MPF requisitou esclarecimentos ao Incra sobre a situação fundiária e as últimas vistorias realizadas no assentamento, mas a autarquia ainda não apresentou resposta definitiva, mesmo após reiterados pedidos.

Além da venda de lotes, o MPF recebeu relatos de invasões, derrubadas de árvores, incêndios criminosos e até mortesna comunidade. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Articulação Camponesa relataram ameaças à integridade física de moradores e desrespeito à área de reserva ambiental.

O procurador-chefe do MPF no Tocantins, Álvaro Manzano, destacou que nesses casos o órgão solicita ao Incra levantamentos ocupacionais para identificar ocupantes irregulares.

“Sempre que recebemos denúncias de vendas de parcelas ou ocupações indevidas, requisitamos ao Incra que notifique os ocupantes e promova a retirada daqueles que não atendem aos requisitos do Programa Nacional de Reforma Agrária”, explicou.

Situação do assentamento

Criado para atender 186 famílias em uma área de 6,4 mil hectares, o assentamento Antônio Alves Moreira tem 2,2 mil hectares destinados à reserva ambiental. Ele conta com rede elétrica, estradas vicinais e poços artesianos, cuja manutenção é responsabilidade da prefeitura.

Em vistoria realizada em setembro de 2023, o Incra identificou 58 ocupantes irregulares que teriam adquirido lotes de forma ilegal. A autarquia informou que já conseguiu regularizar 50 famílias e que emitiu 102 Contratos de Concessão de Uso (CCUs), além de aplicar recursos do programa Fomento Mulher, que destinou R$ 312 mil a beneficiárias locais.

O Incra ressaltou que novos ingressos no projeto seguem os critérios estabelecidos no Decreto nº 9.311/2018, que define regras de elegibilidade, permanência e titulação de famílias assentadas.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins